“A recepção foi de um calor maior do que o calor de Fortaleza”, disse Karim Aïnouz, cearense à frente do longa Marinheiro das Montanhas.
O novo filme do diretor cearense Karim Aïnouz, Marinheiro das Montanhas, foi aplaudido por 15 minutos após sua exibição no Festival de Cannes. O longa participou do evento em sessão especial.
“O que eu poderia esperar mais de um filme do que esse tipo de recepção? Foi um calor maior do que o calor de Fortaleza”, declarou o diretor ao G1.
A produção é um diário de viagem filmado na primeira visita de Aïnouz à Argélia, país onde o pai dele nasceu, e conta com registros do passeio, filmagens caseiras, fotografias de família e arquivos históricos.
Durante o filme, o cineasta relembra a história de amor de seus pais, discute a guerra pela independência argelina e pontua os contrastes entre a região de Cabília, no país africano, e Fortaleza, cidade natal do diretor e de sua mãe, Iracema.
“Marinheiro das Montanhas é um filme íntimo, talvez seja o meu primeiro filme. O filme que sempre sonhei em fazer e que só consegui realizar muitos anos depois”, disse ao público antes da exibição.
“Essa história de amor entre os meus pais habitou meu imaginário desde que eu me entendo por gente e de alguma forma transformá-la em filme foi o que me levou para o cinema”, continuou.
O filme é uma produção da VideoFilmes, com coprodução da Globo Filmes e distribuição da Gullane.
Esta não é a primeira vez que Karim Aïnouz participa do evento francês, um dos mais importantes do cinema mundial. Além de ter ganhado o prêmio de Melhor Filme da mostra Um Certo Olhar em 2019 com A Vida Invisível, ele também exibiu em Cannes seu primeiro longa, Matame Satã (2002), e O Abismo Prateado (2011).
O diretor tem uma forte conexão com o Distrito Federal. Ele estudou arquitetura e urbanismo na Universidade de Brasília (UnB). Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, ele falou sobre vida profissional e deu detalhes de sua ligação com a capital.
Protesto contra Bolsonaro
Durante o discurso na exibição do filme, Aïnouz aproveitou para criticar o governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
“Não posso deixar de lembrar que, enquanto estou aqui celebrando com vocês, milhares de brasileiros estão morrendo por absoluto descaso deste governo fascista na condução da pandemia. A democracia brasileira respira por aparelhos”, lamentou o diretor.
Assista:
Com G1 e Metrópoles