As autoridades brasileiras devem investigar de forma célere  e meticulosa a ameaça feita ao jornalista Diego Santos e garantir sua segurança, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

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(Photo: Diego Santos)

Na manhã do dia 1º de abril, Santos checou a caixa de correio do lado de fora de sua casa na cidade de Boa Vista, capital do estado de Roraima, e encontrou um envelope com duas balas dentro e uma ameaça manuscrita, segundo o jornalista, que falou ao CPJ (Comitê de Proteção ao Jornalsita) em entrevista por telefone, e reportagens publicadas.

A mensagem, revisada pelo CPJ, dizia: “Para Diego Santos. A medida exata para silenciar qualquer denúncia.”

Santos apresenta o noticiário diário “Verdade no Ar” na TV Norte Boa Vista, uma afiliada da emissora de televisão privada SBT, onde frequentemente cobre crimes, questões de policiamento e suposta corrupção, disse ele ao CPJ. O programa também é transmitido pelo Facebook.

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(Photo: Masci Araújo)

“As autoridades brasileiras devem investigar rápida e integralmente a ameaça feita ao jornalista Diego Santos, garantir sua segurança e de sua família, e adotar medidas de proteção eficazes para permitir que ele continue trabalhando sem temer por sua vida”, disse em Nova York a coordenadora do programa do CPJ para as Américas Central e do Sul, Natalie Southwick. “Uma ação ágil para identificar os responsáveis ​​por ameaçar jornalistas é crucial para evitar o agravamento da violência física e para proteger a liberdade de imprensa no estado de Roraima e em todo o Brasil.”

Santos contou ao CPJ que, após encontrar o envelope, dirigiu-se à sede da TV Norte Boa Vista, onde descreveu a ameaça em seu noticiário diário na emissora.

Naquela tarde, ele relatou o incidente à polícia local e entregou-lhes a carta e as balas, disse Santos, acrescentando que as autoridades estaduais não lhe ofereceram medidas de proteção.

A Secretaria de Comunicação do Estado de Roraima enviou hoje uma declaração ao CPJ por e-mail informando que o Grupo de Resposta Imediata da Polícia Civil estava supervisionando a investigação. A declaração informou que a equipe estava analisando imagens de câmeras de segurança das proximidades da residência do jornalista, e que o material entregue à polícia foi enviado para perícia.

O comunicado também afirma que as autoridades não identificaram ainda os autores da ameaça.

“A gente sempre tem ‘haters’ mandando algum comentário no programa que vai ao ar todo dia. Mensagens xingando. Mas nada nesse sentido ameaçador,” relatou Santos ao CPJ.

Ele disse ao CPJ que também enfrenta processos cíveis relacionados a suas reportagens, inclusive de uma empresa que acusou de práticas trabalhistas inadequadas e de um funcionário do governo que criticou pelas altas taxas de mortalidade em um hospital local, mas explicou que a ameaça recente foi diferente.

“Esse tipo de ação é normal no jornalismo e é direito da pessoa buscar o sistema de justiça”, afirmou. “Mas daí a receber uma ameaça contra sua vida na sua casa, aí complica. Porque eu não penso só mais em mim, mas também na minha família.”

“Sei de outros colegas que já foram ameaçados”, disse Santos. “A gente nota que aqui isso é recorrente e isso me deixa preocupado. Há uns meses teve o caso do jornalista que foi sequestrado e até hoje a polícia não prendeu ninguém. Não fizeram nada.”

Em outubro de 2020, o jornalista Romano dos Anjos foi sequestrado e agredido em Boa Vista, conforme documentou o CPJ na época.

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