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Um adolescente em cumprimento de medida socioeducativa fez história no encerramento da 14ª Bienal Internacional do Livro, na noite deste domingo (20), no Centro de Eventos do Ceará. Brilho nos olhos e poesia apurada na alma. A solenidade foi prestigiada pela governadora Izolda Cela e secretários de Estado.

Diante de um público seleto, o jovem conseguiu emocionar a todos com os seus versos e sua versatilidade no palco. Ele foi um dos destaques do show do grupo Bandu, com a coordenação geral de Helena Barbosa e produção de palco de Carlos Lima. Participaram desse momento: Perímetro Urbano, Ma Dame, Emocionar, Nandi, Mutante e Blecaute. Nego Gallo assinou a direção artística.

Em sua participação, o adolescente descreveu o seu momento em privação de liberdade e o sonho de vencer na vida em busca da cidadania. E ser um artista reconhecido. “A minha história escrita em branco, minha vida sem estrela, a minha sombra perdida, aprendi a amar sem coração, um museu sem raridade e o meu chão sem convidados. O preconceito desenhando a minha história na pele, mas sou leão quebrando as correntes e venci a guerra sem gastar nenhuma munição”.

Em cumprimento de medida do Centro Socioeducativo Patativa do Assaré, o adolescente faz parte do Programa de Residências e Intercâmbios do Centro Cultural Porto Dragão e recebeu o convite para participar do show de encerramento da Bienal.

O jovem cita o artista Carlos Eduardo ou Eduardo Africano, assessor do eixo arte e cultura da Seas, como seu incentivador e professor. “O Africano tem infuência não só na minha vida, mas no dia a dia de muitos jovens do sistema. Temos muito respeito aos seus ensinamentos”, comentou. Ele ainda cantou uma música de sua autoria que fez a plateia dançar.

O Mova

 

Nada disso aconteceria, se não fosse, também, a força do Mova, movimento de arte que surgiu da experiência no socioeducativo por parte de Eduardo Africano e Fill. O grupo tem como inspiração a história de vida do rapper Dexter, idealizador do grupo 509-E. Ele produziu seu primeiro álbum, quando cumpria pena no Carandiru.

Desta forma, Eduardo e Fill entenderam que os jovens dentro do sistema socioeducativo poderiam ter um acompanhamento mais direcionado para o mercado fonográfico, resultando em uma perspectiva de vida e uma ressocialização digna e real.

Jovens na Bienal

 

Jovens, técnicos e socioeducadores dos centros socioeducativos Aldaci Barbosa (unidade feminina), Antônio Bezerra, Canindezinho, Centro de Semiliberdade Mártir Francisca, São Francisco, Dom Bosco, São Miguel, CSCal e Patativa do Assaré participaram da 14ª Bienal Internacional do Livro. Foram visitas guiadas e com impacto na vida dos jovens e adolescentes do sistema, que tiveram a oportunidade adquirir exemplares de autores renomados. Socioeducandos do Centro Socioeducativo Antônio Bezerra receberam um cupom de 50 reais para comprar suas obras preferidas.

De acordo com a assessora de arte, cultura, esporte e lazer, Savanya Shell, a Bienal do livro é a oportunidade dos adolescentes terem acesso à exposição de livros e debates literários. “É a partir do contato com outras narrativas e perspectivas que as mudanças por meio da leitura ocorrem, trazendo
possibilidades desses jovens traçarem novas rotas de vida”, pontua Shell.

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