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Com uma equipe mista, a Seleção Brasileira de Handebol em Cadeira de Rodas foi campeã sem perder nenhum jogo: seis partidas, seis vitórias. O título foi conquistado nos tiros livres diretos, 3 a 0 para o Brasil contra o Egito, com uma equipe formada por seis homens e quatro mulheres.

Alunas do Centro de Profissionalização Inclusiva para Pessoas com Deficiência (Cepid) conquistaram o primeiro mundial de handebol em cadeira de rodas, no Egito, no último mês de setembro. Shirlei Moraes (32), Paula Barboza (41) e Aline Martins (42) trouxeram na mala, não só a vitória da seleção brasileira, mas também a certeza de que o esporte mudou suas trajetórias para sempre.

“O handebol mudou minha vida, minha renda, minha autoestima. Hoje tenho visibilidade, me sinto vista”. Shirlei Moraes, 32, conta que o handebol mudou sua vida, sua renda e sua autoestima. “O atletismo me fez renascer. Hoje, tenho visibilidade, me sinto vista. Com as conquistas que o handebol me trouxe, entendi que posso sim ter minha independência, não só financeira, mas também a independência que me faz sair na rua de cabeça erguida, com minha autonomia”, reforça Shirlei, que treina no Cepid desde 2018.

“Ser campeã mundial, com certeza, está abrindo muitas portas e sei que é resultado de um trabalho árduo, que inclui treinos diários”, lembra Shirlei. Em 2010, ela sofreu uma lesão por arma de fogo e foi só através do esporte que conseguiu vencer a depressão, ressignificar seu sofrimento e enxergar outras possibilidades para sua vida.

Assim como Shirlei, Paula Barboza, 41, também treina no Cepid e não esconde o orgulho de ter sido selecionada para representar a Seleção Brasileira de Handebol em Cadeira de Rodas.

Oficial do Exército Brasileiro e ex-professora de educação física, Paula lembra que o caminho até a conquista do Campeonato Mundial foi duro, mas que ela jamais pensou em desistir. “Eu nunca vou esquecer da emoção que senti naquele lugar”, lembra. Em 2009, Paula fraturou uma vértebra lombar em treinamento militar e precisou de cirurgia para inserir uma prótese e aços de titânio na coluna. “Passei por um processo de adaptação e o esporte nunca largou minha mão. Foi sempre o que me motivou a seguir sonhando em alcançar o mundo. Subir no pódio com a medalha de ouro foi muito simbólico porque diz muito sobre minha conquista pessoal de nunca desistir dos meus sonhos”, ressalta a jogadora.

Aline Martins, 42, também comemorou a vitória no Egito e disse que ainda não acredita em tudo que aconteceu. “Às vezes, eu paro e fico ainda em êxtase ao ver tudo que conquistamos. Agradeço muito ao nosso treinador do Cepid, Samuel Macena, que sempre nos incentiva, nos ensina com muita paciência e, em nenhum momento duvidou da nossa capacidade de representar o Brasil nesse Mundial”, lembra Aline, que convive há 16 anos com uma lesão medular.

Ela conta que teve uma mielite, que é uma infecção na medula. “Eu ensinava e trabalhava com transporte escolar e, de repente, minha vida virou do avesso. Tive que reaprender a fazer coisas básicas, precisei me reinventar e o esporte foi muito importante nesse processo todo. Pratiquei diversos esportes até me encontrar no handebol, que tem me dado um retorno, não só de satisfação pessoal, como também financeiro”, complementa Aline.

Esporte como ferramenta de Inclusão Social

Vinculado à Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), o Cepid possibilita a integração das diferenças e busca potencializar a capacidade individual e de trabalho em equipe, a partir de ações voltadas à capacitação e profissionalização das pessoas com deficiência (PCD), além de viabilizar oportunidades de inserção no mercado de trabalho.

“O Cepid é muito mais que um equipamento do Estado para atender pessoas com deficiência, é um espaço de possibilidades. Seja nas aulas de natação, nas quais alunos que têm paralisia e deficiência física conquistam sua autonomia a cada nado de uma ponta a outra da piscina ou nas quadras, onde jovens e adultos nos dão lições de força e determinação para enfrentar os desafios que vão surgindo”, destaca Onélia Santana, titular da SPS.

“Estamos muito orgulhosos de contar com uma equipe de handebol tão competente e comprometida com o esporte. Acompanhamos de perto a dedicação das atletas e só podemos dizer que o Cepid tem muito orgulho de fazer parte da trajetória delas. Este equipamento é uma segunda casa para nossos atletas e aproveito para dizer a todas as pessoas com deficiência que estamos de portas abertas para recebê-las sempre”, acrescenta a coordenadora do Cepid, Regina Tahim.

Como Participar

O Cepid está com vagas abertas para práticas de Natação, Basquete, Handebol e Tênis de Mesa. As atividades são exclusivas para pessoas com deficiência. As inscrições podem ser feitas através do link rb.gy/zewg0f, ou diretamente no Cepid, localizado na Avenida Senador Robert Kennedy, 128, Barra do Ceará, em Fortaleza.

Os interessados em participar das turmas serão recepcionados pela equipe de atendimento psicossocial do Cepid, composta por psicóloga, assistente social e fisioterapeuta. No ato da inscrição, os atletas devem apresentar também atestado médico liberando-os para atividade física. O início das aulas é imediato.

As aulas são realizadas no próprio Cepid. São duas turmas de natação: segunda e quinta-feira, nos horários de 9h às 12h, segunda e quarta, nos horários de 13h às 16h. Os treinos de Tênis de Mesa ocorrem às terças-feiras e quintas-feiras, das 14h às 17h. Os treinos de Basquete são nos dias de segunda e quarta, das 8h às 12h e as aulas de Handebol são realizadas toda sexta-feira, das 13h às 17h.

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