“Como profissional e servidor público do Estado me sinto honrado em realizar esse trabalho”. Essas foram as palavras do sargento da Polícia Militar do Ceará (PMCE), Flávio Andrade, quando entrevistado sobre o projeto de Equoterapia, realizado pelo Regimento de Polícia Montada (RPMont) da Polícia Militar do Ceará (PMCE).
As palavras traduzem bem o sentimento de todos os profissionais que atuam na iniciativa, que recebe crianças por meio de um atendimento multidisciplinar e humanizado. Por isso, em alusão ao Dia Internacional da Síndrome de Down, celebrado ontem segunda-feira, 21 de março, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) falou um pouco sobre esse projeto tão importante para a promoção da inclusão social e também do afeto, que é tão fundamental para o desenvolvimento humano.
Quem entra nas dependências da Cavalaria, no bairro Cambeba, em Fortaleza, esquece por alguns instantes que está em uma capital cercada de tantos prédios, com pessoas que parecem estar sempre apressadas. As calçadas de concreto dão lugar ao piso de areia, em um ambiente arborizado, que mais parece uma zona rural bem acolhedora. É lá que funciona o Centro de Equoterapia da PMCE há 26 anos.
O tratamento tem como foco pessoas com necessidades especiais e também profissionais de segurança que necessitem dos benefícios promovidos pela terapia com os equinos.
Durante todo esse período, o projeto já beneficiou mais de 400 praticantes. De acordo com o capitão lotado no RPMont, Rommel Arrais, o ambiente visa oferecer um atendimento multidisciplinar e mais humanizado. O militar falou sobre a importância da utilização dos cavalos para o desenvolvimento de pessoas com deficiência através de métodos terapêuticos com animais.
“Nós temos uma equipe preparada composta por profissionais que atuam nas áreas de educação, saúde e equitação formada por fisioterapeutas, assistente social e psicóloga, além dos policiais militares que realizam as funções de auxiliares, e manejo dos animais para as sessões. Aqui, contribuímos para uma série de benefícios tanto na questão cognitiva e motora, com o ganho de equilíbrio e tônus muscular, como na melhora da socialização no aspecto familiar”, explica.
Quem acompanha uma sessão percebe bem a sintonia entre os equinos e as crianças e os adolescentes. Inicialmente, eles chegam de forma mais retraída, mas basta o primeiro contato com os animais para que tudo isso mude. Daí para o decorrer dos próximos minutos são só sorrisos e leveza, e é assim que a equoterapia deve ser.
Para a mãe de Heitor (6), que tem Síndrome de Down, Roberta Mendes, esse contato trouxe bons resultados na interação social e melhorou a afetividade durante o convívio com os animais do filho. “Ele sempre gostou e quis ter essa proximidade com os cavalos. Quando tive acesso a oportunidade, não perdi tempo e trouxe ele. Hoje, vejo o quanto é importante para ele estar aqui”.
Roberta também parabenizou o trabalho da PMCE e o acesso do projeto à população. “Quero parabenizar a Polícia Militar como um todo por esse projeto que ela desenvolve brilhantemente com a comunidade e com as crianças com alguma deficiência. Me sinto fortalecida, como mãe, por saber que eles reconhecem a diversidade e a necessidade desse tratamento ser realizado, que é capaz de animar tantas famílias. Vejo que meu filho é muito mais feliz e isso só é possível por causa da Polícia Militar”, frisou ela.
Sobre o projeto
O método terapêutico se utiliza do cavalo no campo biopsicossocial e promove uma abordagem multidisciplinar nas áreas da saúde, educação e equitação. O Centro de Equoterapia conta com uma equipe de profissionais composta por fisioterapeuta, psicólogo, assistente social, além dos policiais militares que realizam a função de auxiliares das sessões equoterápicas.
Um dos auxiliares do centro, o sargento Flávio Andrade da PMCE, citado no começo desse texto, falou sobre os benefícios que os praticantes do projeto desenvolvem durante a terapia com os equinos. “Atualmente, atendemos 45 praticantes que possuem diversas síndromes. Esse contato com os cavalos contribui para que essas crianças e adolescentes com deficiência estimulem suas capacidades físicas, cognitivas e sociais”, disse ele.
O policial também destacou o trabalho realizado pela Polícia Militar do Ceará. “É gratificante poder contribuir para o bem estar dessas crianças que necessitam desses benefícios. Temos uma equipe especializada para dar o suporte necessário e trabalhamos empenhados em sempre oferecer um atendimento de qualidade para esse público”, finalizou o sargento.
Outra criança beneficiada pelo projeto é a Maria Júlia, de 11 anos, que também tem Síndrome de Down. De acordo com a prima da menina, Karla Rodrigues, a criança apresentou uma evolução significativa após iniciar o acompanhamento no Centro. “Há quase quatro anos percebemos o quanto é importante a Maria Júlia estar aqui. Tudo melhorou. O projeto contribuiu bastante para o desenvolvimento dela em todas as áreas da vida, como o desenvolvimento cognitivo, a coordenação motora e, até mesmo a interação com os nossos familiares. Hoje, nos sentimos amparados e acolhidos. A felicidade dela é a nossa”, concluiu Karla.
Serviço
Os atendimentos ocorrem de segunda a sexta, no período da manhã, e os praticantes realizam sessões semanais de 30 minutos. Para mais informações sobre os projetos sociais desenvolvidos pelo RPMont, o espaço fica na sede da Cavalaria da Polícia Militar, situada na Avenida Washington Soares, 7250, Cambeba. O contato pode ser feito por meio do instagram da @cavalariapmce