As mulheres cearenses apresentaram ganhos evidentes no período recente, mas ainda precisam avançar bastante para reduzir as desigualdades observadas em relação aos homens no mercado de trabalho, mesmo apresentando, em média, maior tempo de estudo.
A constatação está no Ipece/Informe (nº 209/Março/2020) – Resultados Recentes no Mercado de Trabalho Feminino Cearense, que acaba de ser lançado pela Diretoria de Estudos Econômicos (Diec) do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). O trabalho tem como base dados trimestrais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para período compreendido entre o 1º trimestre de 2012 e o 4º trimestre de 2021.
A população total estimada feminina apresentou um ganho de participação de 0,1% no Ceará, após apresentar um crescimento acumulado de 6,5% entre o 1º trimestre de 2012 e o 4º trimestre de 2021, finalizando a série histórica com 51,4% da população total, com um contingente de 4.755.583 pessoas de um total de 9.256.370 pessoas. Já a população em idade de trabalhar estimada feminina também apresentou elevação, com um ganho de 0,3% no período, após registrar uma alta acumulada de 12,4%, finalizando a série histórica com uma participação de 52,2% da população em idade de trabalhar cearense, com um contingente de 3.894.801 pessoas de um total de 7.466.669 pessoas.
De acordo com o analista de Políticas Públicas do Ipece Alexsandre Lira Cavalcante, autor do estudo, a população na força de trabalho estimada feminina também registrou um ganho de participação, de 2,4% no período, novamente após registrar uma alta acumulada de 11,8%, bem acima do crescimento da população masculina, de apenas 1,2%, finalizando a série histórica com 42,5% da população na força de trabalho cearense, com um contingente de 1.683.866 pessoas de um total de 3.961.492. A população ocupada estimada feminina também apresentou ganho de participação, de 2,6% no período, após apresentar uma elevação acumulado no período de 7,8%. Assim sendo a série histórica foi finalizada com uma participação de 42,0% da população ocupada cearense, com um contingente de 1.479.347 pessoas de um total de 3.522.112 pessoas. Vale destacar que a população ocupada de homens registrou queda acumulada de 3,2% no mesmo período.
No período analisado, a população ocupada formal estimada feminina também registrou um ganho de participação de 1,1% no período, após registrar alta acumulada de 4,6%, terminando a série histórica com uma participação de 44,4% da população ocupada formal cearense, com um contingente de 720.199 pessoas de um total de 1.621.823 pessoas. A população ocupada de homens no mercado de trabalho registrou queda acumulada de 0,1% no período. Enquanto isso, a população ocupada informal estimada feminina também registrou um ganho de participação de 1,5% no período, após registrar uma alta acumulada de 6,3%, finalizando a série histórica com uma participação de 39,9% da população ocupada informal cearense, com um contingente de 759.147 pessoas de um total de 1.900.289 pessoas. Os homens ainda detêm a maior participação na população ocupada informal cearense, mesmo após a queda acumulada no período de 0,4%.
O Analista de Políticas Públicas do Ipece observa que, ao analisar o tempo médio de estudo foi possível constatar que as mulheres apresentam, em média, maior tempo de estudo que os homens em todos os grupos investigados, mas esta diferença vem caindo ao longo do tempo. “Vale destacar que as maiores diferenças entre os anos de ensino médio de mulheres e homens estão ocorrendo no mercado de trabalho, na população na força de trabalho e no grupo da população ocupada. Chamou atenção o fato da população desocupada apresentar tempo de escolaridade médio superior ao observado pela população ocupada na maior parte do tempo analisado” – destaca.
Alexsandre Lira afirma que, apesar dos ganhos no período recente, as mulheres precisam avançar bastante para reduzir as desigualdades observadas em relação aos homens no mercado de trabalho cearense, mesmo apresentando, em média, maior tempo de estudo. “Faz-se, assim, necessário pensar em políticas públicas que possam ajudar no processo decisório de participação no mercado de trabalho e no incentivo a contratação de mulheres aumentando ainda mais a sua presença no mercado de trabalho local, reduzindo com isto a subutilização da força de trabalho feminina” – conclui.