Lula e Putin conversaram sobre “Estreitar a construção de parceria estratégica”. Presidente debate contexto internacional de desafios geopolíticos e ampliação do comércio exterior entre as nações com líder russo.

 

090520225_lula_putin1.jpeg

Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva teve nesta sexta-feira, 9 de maio, uma reunião bilateral com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. No encontro entre os dois líderes em Moscou, Lula debateu desafios atuais da geopolítica internacional e o reforço à parceria estratégica e produtiva entre as duas nações.

Esta minha visita é para estreitar e refazer com muito mais força a nossa construção de parceria estratégica. O Brasil tem interesses políticos, comerciais, culturais, científicos e tecnológicos com a Rússia. Somos duas grandes nações em continentes opostos. Fazemos parte do Sul Global e temos a chance de, nesse momento histórico, fazer com que a nossa relação comercial possa crescer muito
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República.

“Esta minha visita é para estreitar e refazer com muito mais força a nossa construção de parceria estratégica. O Brasil tem interesses políticos, comerciais, culturais, científicos e tecnológicos com a Rússia. Somos duas grandes nações em continentes opostos. Fazemos parte do Sul Global e temos a chance de, nesse momento histórico, fazer com que a nossa relação comercial possa crescer muito”, disse Lula, que mais cedo participou da Cerimônia de celebração dos 80 anos do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial, na Praça Vermelha.

BALANÇA COMERCIAL — O presidente brasileiro reforçou o interesse nacional em trazer maior equilíbrio à balança comercial bilateral, bem como em multiplicar parcerias em áreas como energia, espaço, ciência e tecnologia e cultura. Em 2024, o comércio bilateral atingiu recorde histórico, de US$ 12,4 bilhões (aumento de 9% em relação a 2023). Foram US$ 1,4 bilhão de exportações (aumento de 8% em relação a 2023) e US$ 11 bilhões de importações brasileiras (aumento de 9%).

“É um comércio bastante deficitário para o Brasil, mas entendemos que o potencial de crescimento é grande. Temos interesse em discutir a área de defesa, a área espacial, a área científico-tecnológica, de educação e, sobretudo, a questão energética”, disse Lula.

As exportações brasileiras se concentram em soja (33%), café não torrado (18%) e carne bovina (18%). As importações envolvem óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (57%) e adubos e fertilizantes químicos (34%).

A comitiva brasileira conta com os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), além do presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre, e do 2º vice-presidente da Câmara, deputado federal Elmar Nascimento.

DIÁLOGO — O Brasil mantém fluxo de diálogo contínuo com a Rússia, parceiro estratégico nos âmbitos do BRICS, do G20 e da ONU. O encontro se dá em um contexto de complexidades em relação ao multilateralismo, diante do ressurgimento de guerras tarifárias e questionamentos ao status quo de fronteiras nacionais. “Também discutimos o avanço do protecionismo econômico e a necessidade de fortalecermos o multilateralismo. Reiterei ao presidente Putin o compromisso do Brasil com a paz e a disposição de atuarmos junto com a China e o Grupo de Países Amigos numa solução para a Guerra na Ucrânia”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista no fim da agenda de compromissos em Moscou, que a questão da paz entre Rússia e Ucrânia fez parte durante vários dos espaços de diálogo ao longo dos dois últimos dias. “Vocês poderão perguntar: vocês discutiram a questão da guerra da Ucrânia? Discuti antes, durante e depois, porque dissemos ao presidente Putin aquilo que a gente vem dizendo desde que começou a guerra: a posição do Brasil é contra a ocupação territorial do outro país. O Brasil integra um grupo de países que, junto com a China, criou um grupo de amigos e eu disse ao presidente Putin que estamos dispostos a ajudar na negociação, desde que os dois países que se enfrentam queiram que a gente possa participar”.

Para o presidente, além das perdas de vidas e estruturas materiais importantes nos países, as guerras fazem com que os países conectados e aliados invistam trilhões em defesa e armamentos e deixem de focar no que é efetivamente mais importante para a humanidade. “O Brasil acha uma loucura ficar incentivando guerra, a Europa estar voltando a se armar, a Inglaterra estar voltando a se armar. Estamos gastando trilhões de dólares com armas, quando o mundo precisa que a gente gaste trilhões com educação, saúde e comida para o povo que está passando fome. É esse mundo que a gente quer construir”, disse Lula, que também fez uma referência à importância simbólica do evento dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, que acompanhou em Moscou.

“Esse é um país que, de todos os que participaram com os Aliados, foi o que mais perdeu gente. Perdeu praticamente 26 milhões de pessoas. Chegou num momento em que a população, a juventude, praticamente estava dizimada pela Segunda Guerra Mundial. Eu vim ver porque é uma festa importante. Precisamos ter consciência de que a gente não pode nunca mais permitir, sabe, que coisas como o nazismo voltem a acontecer no planeta Terra”.
Outra perspetiva enfatizada pelo presidente foi a de defender o multilateralismo e o livre-comércio, diante de um momento em que protecionismos e tarifações ocupam os horizontes geopolíticos.

“Fiz questão de vir aqui para dizer que o Brasil está defendendo o fortalecimento do multilateralismo. Não é possível que a gente não tenha aprendido uma lição com a importância do que foi o multilateralismo depois da Segunda Guerra. Ele humanizou o comércio entre os países. Querer voltar à teoria do protecionismo não interessa a ninguém, a não ser quem propôs a ideia, porque o que nós queremos é um comércio mais flexível, justo, em que a gente possa, inclusive, fazer políticas de favorecimento dos países mais pobres”, argumentou Lula.

Nesse contexto, para o presidente, é essencial renovar e fortalecer instituições multilaterais, como a Organização das Nações Unidas, na intenção de que seja mais capaz de refletir o mundo atual. “É por isso que o Brasil continua defendendo a renovação do Conselho de Segurança da ONU com a entrada de novos países. É por isso que o Brasil quer participar como membro permanente. É por isso que o Brasil acha que a Índia tem que estar presente, a Alemanha tem que estar presente, o Japão tem que estar presente, vários países africanos têm que estar presentes. Para que a gente possa dar força à existência da ONU. Vamos continuar querendo a paz e vamos continuar conversando com todas as pessoas que queiram conversar”.

Zelensky diz estar pronto para se reunir com Putin na quinta; encontro pode ocorrer na Turquia.

Presidente ucraniano pede um cessar-fogo a partir desta segunda (12) para iniciar negociações de paz. Trump pressiona Zelensky para aceitar oferta russa.

Putin e Zelensky sinalizam que podem iniciar negociações diretas para tentar encerrar guerra — Foto: Sputnik/Mikhail Metzel/Pool via Reuters; Reuters/Alina Smutko

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou neste domingo (11), em um post na rede social X, que está disposto a se reunir com Vladimir Putin para iniciar negociações diretas de paz.

O encontro pode ocorrer na Turquia, na próxima quinta-feira (15), como sugerido pelo presidente russo.

Putin propôs retomar conversas diretas com a Ucrânia para encerrar o conflito que já se estende há mais de 3 anos.

A oferta do presidente russo veio após líderes europeus ameaçarem impor novas sanções ao país caso não haja uma trégua de 30 dias na Ucrânia, a partir desta segunda-feira (12).

Zelensky considerou a proposta de Putin “um sinal positivo”, mas exigiu um cessar-fogo imediato. Para ele, interromper o conflito armado é necessário para criar as bases diplomáticas necessárias às negociações.

“Não há razão para prolongar as mortes”, disse.

Zelensky afirmou que “o mundo inteiro está aguardando” por uma paz duradoura entre os países, mas que o “primeiro passo” é o cessar-fogo.

Enquanto militares russos ainda avançam sobre o território vizinho, Putin indicou Istambul, na Turquia, como cenário para o início de novas negociações. “Estamos propondo que Kiev retome as negociações diretas sem quaisquer pré-condições”, afirmou o presidente russo.

Com Agência Brasil e G1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *