O colombiano é acusado de capitanear um esquema de transporte de drogas entre a Colômbia e os EUA
O narcotraficante colombiano Guillermo Amaya Ñungo, o ‘El Patrón’, de 57 anos, que estava preso na sede da Polícia Federal, em Fortaleza, desde setembro de 2019, foi extraditado para os Estados Unidos na última sexta-feira (4), onde será julgado por comércio internacional de drogas.
Sob forte esquema de segurança, a operação de extradição ocorreu de forma sigilosa com agentes da PF e da Agência de Combate às Drogas dos Estados Unidos (DEA). Representantes da embaixada norte-americana também acompanharam o embarque de El Patrón. O jato executivo do governo americano partiu do Aeroporto Internacional de Fortaleza, como mostram imagens divulgadas na noite desse domingo (6).
El Patrón entrou a pé no Brasil pelo município de Pacaraima, que fica na fronteira de Roraima com a Venezuela. O traficante foi preso em Fortaleza no dia 17 de setembro de 2019, quando ele parou para buscar uma filha adolescente na escola, no bairro Messejana.
NOME FALSO
Na Capital, o foragido usava uma falsa identidade com o nome José Jesus Rodríguez Hernandez e morava em uma casa de luxo na Lagoa Redonda.
Guillermo contou à polícia que morava no Ceará havia um ano. Ao ser questionado sobre o motivo que o trouxe ao Ceará, ele disse que fugiu da Venezuela após ter sido sequestrado e extorquido por outros criminosos. Ainda em depoimento, revelou passar por dificuldades financeiras e que recebia ajuda de amigos do país de origem.
Em audiência na 11ª Vara da Justiça Federal no Ceará, em dezembro de 2019, El Patrón negou envolvimento com o tráfico de drogas e alegou que a prisão dele tem caráter político.
Ao contrário das acusações, ele disse à juíza Suzana Massako Hirama, do STF, que trabalhava na Venezuela como produtor agropecuário, sendo proprietário de uma fazenda, que começou – junto de outros territórios – a ser utilizada pelo governo do então presidente Hugo Chávez para se reunir com grupos de guerrilha.
‘El Patrón’ garantiu que os encontros aconteciam sem o seu consentimento e contou que, por ser o responsável pela propriedade, começou a ser obrigado a transmitir mensagens e documentos entre o Exército Nacional e os grupos de guerrilha. “Eu fui vítima das circunstâncias”, alegou.
EXTRADIÇÃO
Um ano depois de ser capturado, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou no dia 14 de setembro de 2020 a extradição do colombiano para os EUA. Formada pelos ministros Edson Fachin (relator), Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, a Segunda Turma do STF decidiu com unanimidade pelo retorno do traficante.
O relator garantiu que os EUA se se comprometeram, por via diplomática, em não condenar o colombiano a mais de 30 anos de prisão e a reduzir da pena o período em que ele esteve preso no Brasil.
CRIMES
Documentos apresentados pelas autoridades norte-americanas, o preso capitaneava um complexo esquema de transporte de grande quantidade de cocaína entre a Colômbia e os EUA, com uso de aeronaves próprias e pistas de pouso em países da América Central.
O primeiro processo criminal atribuído a El Patrón consta no Tribunal Federal dos Estados Unidos do Distrito Leste do Texas, em 2007. Uma investigação policial descobriu que o colombiano integrava uma organização criminosa com “infraestrutura sofisticada para fabricar, adquirir, armazenar, transportar e distribuir cocaína”. As cargas variavam de 100 Kg a 2,5 toneladas da droga.
Já o segundo processo tramita no Tribunal Federal dos Estados Unidos para o Distrito de Columbia, desde 2014. O colombiano fazia todo o planejamento do voo para o tráfico, desde a saída do entorpecente da Venezuela, com pagamento de suborno a policiais (com dinheiro ou droga), até a passagem por outros países e a chegada nos Estados Unidos, com o objetivo de despistar os policiais.
Com informações do Diário do Nordeste