Levantamento da Quaest mostra que 56% da população se posiciona contra a soltura dos presos envolvidos nos atos antidemocráticos, enquanto 34% são a favor da medida. Outros 10% não souberam ou preferiram não responder.
O ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro no domingo, 6 de abril, levou 44,9 mil pessoas à Avenida Paulista, em São Paulo, segundo estimativa feita por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). Os dados foram levantados pelo Núcleo de Pesquisas em Sociologia da USP com base em imagens aéreas do evento, e indicam um número bem inferior ao estimado por apoiadores do ex-presidente.

A manifestação ocorre em meio a investigações que envolvem Bolsonaro e aliados em uma suposta tentativa de golpe de Estado. O ato teve como um de seus principais motes a defesa da anistia aos presos pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 — quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
No entanto, de acordo com pesquisa divulgada neste domingo (06) pela Quaest, a maioria dos brasileiros é contra a proposta de anistia. Segundo o levantamento, 56% da população se posiciona contra a soltura dos presos envolvidos nos atos antidemocráticos, enquanto 34% são a favor da medida. Outros 10% não souberam ou preferiram não responder.

A pesquisa Quaest ouviu 2.004 pessoas presencialmente entre os dias 27 de março e 31 de março. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.
A defesa da anistia foi um dos pontos centrais do discurso de Bolsonaro na Paulista. Apesar da mobilização promovida por lideranças conservadoras e parlamentares aliados, o público ficou abaixo do esperado. Para especialistas, o número relativamente baixo de participantes reflete o desgaste político do ex-presidente diante das investigações e da falta de apoio majoritário da sociedade à anistia.
Analistas políticos avaliam que a rejeição à soltura dos envolvidos no 8 de janeiro indica uma resistência da opinião pública a qualquer tipo de tolerância com ataques à democracia. O cenário pressiona parlamentares e lideranças a não abraçarem abertamente a pauta da anistia, temendo repercussão negativa junto ao eleitorado.