Mandados foram cumpridos em Fortaleza, Meruoca, e Juazeiro do Norte. Pré-candidato do PDT usou redes sociais para negar a acusação.
O pré-candidato à presidência pelo PDT, Ciro Gomes, afirmou em rede social que a ordem de busca e apreensão na casa dele é abusiva e que “Bolsonaro transformou o Brasil num Estado Policial”. Ciro foi alvo de operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (15) por supostas irregularidades em obras da ampliação da Arena Castelão, principal estádio do Ceará, para a Copa do Mundo de 2014.
O portal g1 procurou a Secretaria de Comunicação da Presidência da República por volta das 10h, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Leia a nota de Ciro Gomes na íntegra:
“Até esta manhã, eu imaginava que vivíamos, mesmo com todas imperfeições, em um país democrático. Mas depois da Polícia Federal subordinada a Bolsonaro, com ordem judicial abusiva de busca e apreensão, ter vindo à minha casa, não tenho mais dúvida de que Bolsonaro transformou o Brasil num Estado Policial que se oculta sob falsa capa de legalidade.
“O pretexto era de recolher supostas provas de um suposto esquema de favorecimento a uma empresa na licitação das obras do Estádio do Castelão para a Copa do Mundo de 2014. Chega a ser pitoresco. O Brasil todo sabe que o Castelão foi o estádio da Copa com maior concorrência, o primeiro a ser entregue e o mais barato construído para Copas do Mundo desde 2002. Ou seja, foi o estádio mais econômico e transparente já feito para a Copa do Mundo. Mas não é isso. E sejamos claros. Não tenho nenhuma ligação com os supostos fatos apurados. Não exerci nenhum cargo público relacionados com eles. Nunca mantive nenhum tipo de contato com os delatores. O que, aliás, o próprio delator reconhece quando diz que NUNCA me encontrou.Tenho 40 anos de vida pública e nunca fui acusado nem processado por corrupção. Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar criar danos à minha pré-candidatura à Presidência da República. Da mesma forma tentaram 15 dias antes do primeiro turno da eleição de 2018. O braço do estado policialesco de Bolsonaro, que trata opositores como inimigos a serem destruídos fisicamente, levanta-se novamente contra mim. Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar me intimidar e deter as denúncias que faço todo dia contra esse governo que está dilapidando nosso patrimônio público com esquemas de corrupção de escala inédita.
“Nunca me senti um cidadão acima da lei, mas não posso aceitar passivamente ser tratado como um subcidadão abaixo da lei. Sou um homem do embate, do combate e do Direito. Essa história não ficará assim. Vou até as últimas consequências legais para processar aqueles que tentam me atacar. Meus inimigos nunca me intimidaram e nunca me intimidarão. NINGUÉM VAI CALAR A MINHA VOZ.”
A Polícia Federal cumpre 14 mandados de busca e apreensão em uma investigação que apura fraudes, exigências e pagamentos de propinas a agentes políticos e servidores públicos decorrentes de procedimento de licitação para obras no estádio entre os anos de 2010 e 2013. Um dos mandados é cumprido na casa de Ciro Gomes.
As fraudes ocorreram durante a gestão do senador Cid Gomes como ex-governador do Ceará. O g1 procurou Cid Gomes por meio da assessoria, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Em redes sociais, Ciro Gomes afirmou que a operação “chega a ser pitoresca”. “Não tenho nenhuma ligação com os supostos fatos apurados. Não exerci nenhum cargo público relacionados com eles. Nunca mantive nenhum tipo de contato com os delatores. O que, aliás, o próprio delator reconhece quando diz que nunca me encontrou”, disse.
Segundo a PF, há indícios de pagamentos de R$ 11 milhões em propinas diretamente em dinheiro ou “disfarçadas de doações eleitorais,” com emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas.
A Operação Policial “Colosseum” cumpre mandados expedidos pela 32ª Vara da Justiça Federal, em domicílios investigados em outras cidades como São Paulo, Belo Horizonte e São Luís. No Ceará, os mandados são cumpridos nas cidades de Fortaleza, Meruoca e Juazeiro do Norte.
As buscas têm como objetivo apreender mídias digitais, aparelhos celulares e documentos.
Crime nas licitações
De acordo com a Polícia Federal, as investigações começaram em 2017, quando foram identificados indícios de esquema criminoso envolvendo pagamentos de propinas para que uma empresa vencesse a licitação das obras Arena Castelão para a Copa do Mundo 2014.
Ainda conforme a PF, na fase de execução do contrato, a empresa receberia valores devidos pelo Governo do Estado do Ceará.
“As investigações continuam com análise do material apreendido na operação policial e do fluxo financeiro dos suspeitos”, informa a corporação, em nota. “Os investigados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de lavagem de dinheiro, fraudes em licitações, associação criminosa, corrupção ativa e passiva”, diz a PF.
O nome da operação remete em italiano ao estádio Coliseu, em Roma, na Itália.
Com informações do G1