A moeda norte-americana encerrou em queda de 0,06%, cotada a R$ 5,8656. Já o principal índice acionário da bolsa de valores brasileira teve um recuo de 0,50%, aos 123.432 pontos.
O dólar fechou em queda nesta quarta-feira (29), após passar boa parte do pregão oscilando entre altas e baixas. Investidores repercutiram o novo anúncio de juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e seguiram em compasso de espera pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), que será divulgada ainda hoje.
Nesta “Superquarta” — as quartas-feiras em que ocorrem, simultaneamente, reuniões dos bancos centrais dos dois países —, o mercado espera ver uma elevação na Selic, taxa básica de juros do Brasil.
Por aqui, os dirigentes do Copom já haviam sinalizado em sua última reunião que novos aumentos na taxa Selic ocorreriam. Por isso e com as expectativas de uma inflação alta e persistente durante todo o ano, o mercado prevê que os juros devem ultrapassar o nível dos 15% ao ano em meados de 2025, atingindo o maior nível em quase 20 anos.
Lá fora, o destaque ficou com a manutenção das taxas de juros norte-americanas por parte do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). A decisão veio em linha com o esperado pelo mercado, e seguiu a indicação de que o Fed continuará monitorando a inflação e atividade no país. (entenda mais abaixo)
No cenário corporativo, o setor de tecnologia segue no centro das atenções, com a divulgação do balanço corporativo de diversas empresas do segmento.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, encerrou em queda.
Dólar
Ao final da sessão, o dólar recuou 0,06%, cotado a R$ 5,8656. Com isso, renovou o menor patamar desde novembro do ano passado. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,8427. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
- queda de 0,89% na semana;
- recuo de 5,08% no mês e no ano.
No dia anterior, a moeda norte-americana fechou em queda de 0,73%, cotada a R$ 5,8690.
Ibovespa
Já o Ibovespa encerrou com um recuo de 0,50%, aos 123.432 pontos.
Com o resultado, acumulou:
- alta de 0,80% na semana;
- ganho de 2,62% no mês e no ano.
Na véspera, o índice fechou em baixa de 0,65%, aos 124.056 pontos.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
As decisões de política monetária são o grande destaque desta quarta-feira e ajudam a explicar o alívio do dólar nos últimos dias.
No Brasil, a expectativa dos economistas é que o Copom faça um aumento de 1 ponto percentual na Selic, que pode chegar ao patamar de 13,25% ao ano. O colegiado também já havia sinalizado uma nova alta da taxa básica em março, o que levaria os juros a 14,25% ao ano.
Investidores e analistas projetam, ainda, mais altas além dessas duas, o que poderia levar a taxa Selic para mais de 15% ao ano em meados de 2025. Esse seria o maior nível dos juros no país em quase 20 anos.
Com isso, há, também, grande expectativa pelo comunicado do comitê após a reunião. O documento costuma trazer sinalizações sobre quais serão os próximos passos do BC em relação aos juros e o que está no radar dos dirigentes.
Juros maiores no país elevam a rentabilidade dos títulos públicos e tendem a atrair mais investidores, o que pode gerar mais entrada de dólar no Brasil e reduzir a pressão sobre o real, como vem acontecendo na última semana.
Os juros altos são esperados porque o Brasil vive um período de alta na inflação, com o mercado esperando maior pressão sobre os preços neste ano. Na edição desta semana do Boletim Focus, as projeções para a inflação saltaram de 5,08% para 5,50%. A meta de inflação para 2025 é de 3,0% e será considerada cumprida se permanecer em um intervalo entre 1,5% e 4,5%.
O mercado também está de olho em Gabriel Galípolo, novo presidente do BC, que foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa também será a primeira reunião do Copom em que os diretores indicados por Lula serão maioria no colegiado, ou seja, eles serão responsáveis diretamente pela decisão tomada.
Já nos EUA, as atenções ficaram voltadas para a nova decisão do Fed, que manteve as taxas do país inalteradas entre 4,25% e 4,50% ao ano.
Em comunicado publicado nesta quarta-feira, o Fomc afirmou que os indicadores dos EUA sugerem que a atividade econômica do país continuou a se expandir em ritmo sólido.
Segundo o colegiado, a taxa de desemprego se estabilizou em um nível baixo nos últimos meses, enquanto as condições do mercado de trabalho “permanecem sólidas”. Já a inflação “continua um tanto elevada”, acrescentou o Fomc.
A leitura do mercado é que o BC dos Estados Unidos deve continuar atento aos movimentos políticos do novo presidente do país, Donald Trump — ainda que o comitê evite mencionar o tema nos comunicados divulgados ao público,
A chegada do republicano ao poder pode gerar uma maior pressão inflacionária, caso o presidente decida cumprir suas promessas de aumentar as tarifas de produtos importados. Isso aumentaria os preços para os consumidores americanos e pressionaria o Fed por uma política monetária mais firme, com juros altos para conter o avanço dos preços.
O mercado de trabalho também é um fator de atenção, já que uma forte geração de empregos coloca mais dinheiro na mão da população e pode impactar ainda mais a inflação.
Apesar de os últimos números divulgados pelo Departamento do Trabalho dos EUA mostrarem um mercado de trabalho ainda forte, o índice de confiança do consumidor americano da Conference Board mostra que as pessoas estão mais receosas com a situação econômica, com destaque para os empregos e inflação.
O indicador, divulgado nesta terça-feira (28), mostrou que a confiança do consumidor caiu de 109,5 pontos em dezembro para 104,1 em janeiro, “indicando uma perspectiva menos otimista dos consumidores do que o esperado”, destacou a XP Investimentos, em relatório.
“A ligeira queda na confiança será um fator importante a ser observado nos próximos meses, pois poderá influenciar os gastos dos consumidores e a atividade econômica geral”, disse a XP.
Depois do encerramento do pregão desta quarta, ainda, as gigantes de tecnologia Meta, Microsoft e Tesla divulgam seus resultados financeiros do quarto trimestre de 2024.
Esses resultados trazem pistas sobre como anda a saúde financeira das empresas e da economia do país, principalmente em um setor tão quente, como a tecnologia.
Com G1