Neste domingo, 16 de março de 2025, a manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em Copacabana, Rio de Janeiro, reuniu aproximadamente 18,3 mil pessoas, conforme estimativa do Monitor do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo (USP). Este número representa uma queda de mais de 70% em relação ao protesto realizado no mesmo local em 7 de setembro de 2022, que contou com 64,6 mil participantes.

O ato teve como principal pauta a defesa da anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Durante o evento, Bolsonaro afirmou que “jamais imaginei que teria que lutar por anistia para pessoas de bem, que não cometeram maldade e nem tinham a intenção de fazer o que estão sendo acusados”.
A manifestação contou com a presença de aliados políticos de Bolsonaro, incluindo os governadores Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Tarcísio de Freitas (São Paulo), Jorginho Mello (Santa Catarina) e Mauro Mendes (Mato Grosso), além dos senadores Flávio Bolsonaro e Magno Malta. O pastor Silas Malafaia, coordenador do evento, também esteve presente.
A discrepância entre as expectativas de público e a realidade foi notável. Bolsonaro e seus aliados chegaram a projetar a presença de 1 milhão de manifestantes na mobilização, mas o número real representou menos de 2% dessa estimativa. A Polícia Militar do Rio de Janeiro, por outro lado, contabilizou “mais de 400 mil pessoas” no evento, evidenciando divergências nas estimativas de público.
Analistas políticos interpretaram o baixo comparecimento como um sinal de enfraquecimento da influência de Bolsonaro. O colunista Fabiano Lana descreveu o evento como um “funeral político”, sugerindo que o ex-presidente é um “cadáver político” por decisão da justiça eleitoral.
O ato ocorreu às vésperas do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que decidirá se Bolsonaro se tornará réu por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Até o momento, 481 pessoas foram condenadas pelo STF pelos ataques de 8 de janeiro, com penas que chegam a 17 anos e 6 meses por crimes como golpe de Estado e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
A manifestação também refletiu a crescente mobilização política em torno da questão da anistia e da pressão sobre o governo federal e o STF. No carro de som, os manifestantes pediram a saída de Lula e a volta de Bolsonaro ao poder, apesar de o ex-presidente estar inelegível até 2030 devido a condenações na justiça eleitoral.
Em suma, a manifestação deste domingo evidenciou um enfraquecimento na capacidade de mobilização de Jair Bolsonaro, ao mesmo tempo em que destacou as divisões políticas e os debates em torno da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.