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Nova Unidade de Conservação estadual vai assegurar proteção à biodiversidade e disciplinar a ocupação às margens do manancial.

A Lagoa da Precabura, manancial reconhecido como maior espelho d’água da Região Metropolitana de Fortaleza, foi transformada em uma Área de Proteção Ambiental (APA), por meio de decreto assinado pela governadora Izolda Cela, na tarde desta segunda-feira (5). A solenidade de assinatura ocorreu na sede da Oswaldo Cruz (Fiocruz Ceará), no Eusébio, com a presença do secretário do Meio Ambiente, Artur Bruno; do diretor da Fiocruz Ceará, Carlile Lavor; além de pesquisadores e representantes da sociedade.

A APA da Lagoa da Precabura se caracteriza como uma Unidade de Conservação (UC) estadual, na categoria Uso Sustentável, compreendendo uma área de 628,98 hectares, entre os municípios de Fortaleza e Eusébio.

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Izolda Cela destacou como essa iniciativa assegura para a Lagoa da Precabura mais sustentabilidade no uso dos recursos naturais, protegendo a biodiversidade existente. “É um momento muito significativo, pois a defesa da Lagoa da Precabura é uma luta de décadas e de muitos. Agora, garantimos esse espaço como uma UC e, portanto, com devidos freios e contenções relacionadas aos riscos de ações e ocupações inadequadas. Isso engaja as pessoas para a preservação da rica diversidade biológica, mas também da memória e da cultura”, pontuou.

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A Lagoa da Precabura se forma a partir do leito do rio Coaçu, um afluente do rio Cocó, recebendo água também da UC municipal de Proteção Integral das Dunas da Sabiaguaba. A área, que apresenta diversidade de fauna e flora, sendo importante rota de aves migratórias, compõe agora um mosaico de UC’s, que já conta com a Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) do Sítio Curió, Área de Proteção Ambiental (APA) da Sabiaguaba e Parque Natural Municipal das Dunas da Sabiaguaba, APA do Pacoti e o Parque Estadual do Cocó.

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O titular da Sema explicou que a criação da APA da Lagoa da Precabura contou com a contribuição do Programa Cientista-Chefe, no âmbito do meio ambiente, e de lideranças comunitárias. “A partir da criação, vamos fazer o plano de manejo, uma espécie de constituição da UC. O plano de manejo, que também será feito de forma coletiva e participativa, vai estabelecer o que pode ou não ser feito nessa área. Tudo isso dará garantia de vida para a fauna e a flora”, disse Artur Bruno, enfatizando que agora o Ceará contabiliza 36 UCs estaduais.

A Fiocruz Ceará sediará o Conselho Gestor da APA. “Essa proteção é um interesse central da FioCruz, pois meio ambiente é saúde e desenvolvimento”, reforçou o diretor Carlile Lavor.

APA da Precabura, um fruto da esperança

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Moradores da região conhecem a Lagoa da Precabura como a mãe dos pobres, pois famílias inteiras se formaram e multiplicaram às margens do manancial. Francisco Florentino da Silva, de 85 anos, é remanescente da família mais antiga da Precabura. Conhecido como Assis Fulô, ele aprendeu a pescar ainda menino, tornando-se testemunha das transformações que a lagoa sofreu.

“Hoje é um dia de significado imenso. Lembro de quando nós tínhamos muitos peixes na lagoa, que enchia e vazava. Antes, eu pescava carapeba, saúna, camarão e tantos outros peixes, mas agora está tudo escasso. Isso é só um pedaço da história. É preciso zelar a lagoa, devolvendo o espaço que é dela”, defendeu.

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Assis Fulô criou os três filhos ensinando que é preciso ter gratidão ao que a natureza oferta. Ensinamento que norteia até hoje os passos do filho Paulo Pereira, 52. Emocionado, Paulo, que é técnico em meio ambiente, ativista ambiental e pesquisador popular, diz que a APA é o início de uma nova caminhada. “A defesa desse território não termina na criação da UC. É um momento rico e inovador, mas temos como desafio construir o plano de manejo. Como no passado tivemos a coragem de dizer não para as agressões na Precabura, agora plantamos esperança”, afirmou.

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A defesa do ecossistema e da história do território também marca a vida de Danielle Ferreira, 38, que preside a Associação dos Moradores e Amigos da Precabura. Ela deseja que as próximas gerações possam usufruir de uma lagoa limpa e cheia de vida. “Eu comia do peixe branco, que era o peixe que entrava do Rio Cocó para a Precabura. Eu comia do fruto da lagoa, mas meu filho Gael, de 3 anos, ainda não teve esse gostinho, porque a água está poluída. A vida vai ganhar muito com a APA”.

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